Rapel no Prédio Monte Alto Shopping.



Tudo começou em janeiro de 1995. Eu estava assistindo TV e ví que em São Paulo os praticantes de Rapel estavam aderindo a uma nova modalidade, o "Rapel Urbano". Eu já praticava este esporte há algum tempo e então resolví experimentar na minha cidade (Monte Alto/SP) também.

A primeira coisa foi escolher o prédio mais alto da cidade. Isto foi fácil pois Monte Alto não é cheia de prádios como uma grande capital. Daí veio o primeiro desafio "conseguir convencer as pessoas a me permitir fazer isso no prédio".
O primeiro passo foi uma conversa informal com o síndico, que me disse que ele não podia me autorizar a realizar esta "loucura" pois os condôminos (proprietários das lojas e escritórios) precisavam dar seu consentimento por escrito. TUDO BEM. "fui atrás" de todos os proprietários, expliquei o que eu queria fazer e depois de conseguir POR ESCRITO todas as autorizações voutei ao síndico.

Depois de explicar novamente o que eu queria fazer e mostrar as autorizações, ficou claro que eu deveria ter permissão de utilizar a "antena" da Rádio cultura para "ancorar" os equipamentos. A antena é aquela enorme torre que fica em cima da parte mais alta do prédio. TUDO BEM. Fui conversar com o senhor Laerte da Rádio cultura que me recebeu muito bem e permitiu que eu realizasse meu rapel. Aproveitando a oportunidade, pedi a ele que realizasse a cobertura ao vivo do evento para transmitir em sua rádio. Conseguí.

Mais uma vez retornei ao síndico com a autorização. Como eu ía Rapelar (descer) a lateral do prédio que faz divisa com uma residência, ou seja eu desceria dentro de uma outra propriedade, também precisei desta autorização. TUDO BEM. Conseguí.

De novo com o síndico. Agora eu precisava garantir a integridade do prédio, ou seja, que eu não ia quebrar nenhuma vidraça ou outro patrimônio do prédio ou da residência onde eu iria descer. TUDO BEM. Fiz uma declaração me responsabilizando por danos. Mas aí veio a pergunta do síndico: "senhor Marcio, quanto ao senhor se responsabilizar pelos possíveis danos ao edifício tudo bem, mas, não quero que o senhor me entenda mal, se ocorrer o pior, se o senhor CAIR lá de cima quem é que vai arcar com os prejuísos? TUDO BEM. Corrí até uma seguradora e fiz um seguro de vida em nome do edifício para que cobrisse qualquer dano proveniente de prática esportiva.

Ainda assim restou uma dúvida: "Será que este cara não é louco? " TUDO BEM. Solicitei uma espécie de exame de sanidade mental, não é bem este o nome mas é como os exames de psicotécnico que a gente faz quando tira carteira de motorista.

Bem, como não tinha mais nada para inventar, o síndico me perguntou se o que eu estava querendo fazer era "legal", não no sentido de ser "maneiro ou bacana" mas sim se estava dentro da Lei. TUDO BEM. Agendei um horário e fui conversar com o Promotor Público. Depois de mostrar toda a documentação que eu já havia acumulado e explicar a situação, ele recorreu a um colega de são Paulo que dias depois retornou dizendo não há Lei nenhuma que impeça este tipo de atividade.

Só para encurtar a história, depois de mais umas três visitas ao síndico eu também precisei de autorização da Prefeitura (Esta foi fácil pois eu trabalhava lá e conhecia todo mundo). Também precisei ir até a delegacia e solicitar a INTERDIÇÃO da rua e por fim, mesmo sendo maior de idade, precisei de uma declaração de meuas pais que eles estavam cientes do que eu estava prestes a fazer.

E quase dois anos depois...

Tudo pronto:
  • Documentação organizada e disponível para todos que possam interessar;
  • Matéria nos jornais e na rádio local informando sobre o evento;
  • Equipamento profissional para garantir minha segurança;
  • Equipe médica e de apoio formada e treinada para me auxiliar;
  • Um mês de testes e treinos específicos para o evento;
  • Muita satisfação por conseguir chegar até aquele ponto;


Sem mais enrolação, abaixo seguem algumas fotos do evento.






Conferindo os equipamentos e vestindo a "cadeirinha".


Início da descida na borda do edifício Monte Alto Shopping a aproximadamente 70 metros de altura.



 




      
Descendo "de ponta cabeça". Manobra que eu chamo de "Homem Aranha".




























Prof. Marcio Roberto Gonçalves de Vazzi